Análise das condições de conforto térmico no clima quente e úmido de São Luís (MA): estudos de campo em salas de aula naturalmente ventiladas e climatizadas

Autor:
Carolina de Oliveira Buonocore
Orientador:
Roberto Lamberts
Resumo:

Esta pesquisa visa a investigação acerca das condições de aceitabilidade e conforto térmico humano em salas de aula naturalmente ventiladas controladas por seus ocupantes, no contexto do clima tropical equatorial quente-úmido da cidade de São Luís (Maranhão, Brasil). Nesse contexto, os usuários de ambientes naturalmente ventilados apresentamse suscetíveis ao desconforto por calor, tendo em vista as elevadas temperatura e umidade do ar interno, o que provoca a demanda por maior movimento do ar nesses espaços. Com o objetivo de avaliar a influência das variáveis ambientais internas (temperatura operativa, umidade relativa do ar e velocidade do ar) na percepção térmica dos ocupantes, foram realizados estudos de campo em salas de aula do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Estadual do Maranhão (CAU/UEMA), divididos em duas etapas: nos períodos letivos de março e abril de 2017 (estação quente e chuvosa) e de setembro e outubro de 2017 (estação quente e seca). Os estudos de campo consistiram em medições de variáveis ambientais internas in loco, em paralelo à aplicação de questionários para a avaliação do ambiente térmico e do movimento do ar, no decorrer das aulas. Além das salas de aula naturalmente ventiladas, ambientes climatizados por ar condicionado também foram incorporados à pesquisa, uma vez que ofereceram outras condições de temperatura e umidade (amostra de comparação). Obtiveram-se, no total, 2680 votos de percepção térmica, sendo 1650 em ambientes naturalmente ventilados e 1030 em ambientes com ar condicionado ativo. O cruzamento entre os votos de percepção térmica e as variáveis ambientais, para a amostra em salas naturalmente ventiladas, resultou em maior influência da temperatura operativa sobre a percepção térmica dos estudantes, e maior influência da velocidade do ar sobre a avaliação do movimento do ar. A umidade relativa do ar teve impacto negativo sobre os votos de percepção térmica quando a temperatura operativa foi superior a 30 °C, ao passo que a velocidade do ar teve papel fundamental na redução do desconforto térmico por calor, conforme esperado. A condição de 80% de aceitabilidade térmica foi atingida a uma combinação de 31 °C de temperatura operativa e de no mínimo 0,20 m/s de velocidade do ar. A condição de 80% de conforto térmico, por sua vez, foi verificada a 30 °C com, no mínimo, 1 m/s de velocidade do ar. Os resultados indicaram grande aceitação das condições internas de calor e a importante influência das variáveis ambientais estudadas sobre a percepção térmica dos estudantes nos espaços naturalmente ventilados em questão.

Ano de defesa: